CORONAVÍRUS: o que é, como agir e se prevenir

CORONAVÍRUS: o que é, como agir e se prevenir

Coronavírus: Após o carnaval, confirmou-se o primeiro caso do novo Coronavírus no Brasil. Sabíamos que havia um grande risco de indivíduos infectados chegarem ao nosso país mais cedo ou mais tarde. Por enquanto, o caso é isolado e não sabemos se teremos um surto aqui também ou não. Mesmo assim, hoje atendemos na Clínica Gobbo diversos pacientes preocupados com a nova infecção buscando orientação.
O medo é compreensível, pois se trata de uma doença nova que causou fechamento de cidades na China.
Mas será que os dados objetivos que temos até o momento não são tão amedrontadores assim?
Como fizemos em 2018 orientando sobre a gripe H1N1  achamos que é o momento de informar os nossos pacientes sobre o novo coronavírus.
Vamos tentar manter a calma pois a verdade, baseado no que sabemos até o momento, é que não há motivo para pânico.

Lembre-se que o que escrevo aqui é baseado nos estudos médicos até o momento. Ainda estamos desenvolvendo nosso conhecimento sobre o assunto. Escreverei no formato perguntas e respostas para que o texto fique mais acessível e direto.

  • O que é o coronavírus?

O coronavírus é um tipo de vírus com vários subtipos. Muitos desses subtipos infectam diferentes animais. Na China, ocorreu uma situação em que um desses subtipos de coronavírus passou a infectar humanos e se espalhar de forma rápida. Já vimos muitos surtos virais diferentes acontecerem nos últimos anos e, a bem da verdade, aparentemente isso ocorre eventualmente na história da humanidade.
Algumas dessas novas infecções são leves, com baixa percepção pela população. Outras causavam infecções muito graves.

  • A infecção por coronavírus é grave?

Até o momento, a maioria dos casos de coronavírus (80%) passa com sintomas leves. Não sabemos ainda se alguns desses casos podem passar até despercebidos. A mortalidade aferida até o momento é de 2,3%. Para se ter base de comparação, saiba que a mortalidade da gripe comum é de 0,05% e da SARS (surto ocorrido em 2002 e 2003 por outro vírus da família coronavírus) era de 10%.
O maior surto mundial (pandemia) já registrado foi o da gripe espanhola (H1N1) ocorrido 100 anos atrás, com taxa de mortalidade de 8% e que se espalhou desenfreadamente devido às movimentações de tropas na Primeira Guerra Mundial.
No momento, observamos essa taxa de 2,3% de mortalidade do coronavírus, mas é razoável imaginar que esse número irá a cair com o desenvolvimento de métodos terapêuticos e medidas de prevenção principalmente em grupos de risco.

  • Quem são os grupos de risco para o coronavírus?

A mortalidade está se mostrando maior em pacientes idosos, acima de 70 anos e em pacientes com problemas respiratórios prévios.

  • Como se pega o coronavírus?

É um vírus respiratório, que se pega pelo contato de partículas virais em gotícula de saliva de pessoas infectadas com as mucosas da pessoa a ser infectada (boca e olhos). Logo não se deve falar perto (menos de 1 metro) de pessoas infectadas. O vírus também sobrevive no ambiente por algum tempo, então materiais contaminados como copos e talheres também podem transmitir a doença. Lembre-se também que, você pode carregar as partículas virais para a sua boca pela suas próprias mãos, após um aperto de mão com uma pessoa doente, por exemplo.

  • O que fazer para prevenir o coronavírus?

Usar álcool 70% nas mãos, evitar aglomerações e, em caso de surto (que até o momento não há), usar máscaras. No momento, dia 28 de fevereiro de 2020, ainda não há vacina.

  • Quais são os sintomas da infecção pelo novo coronavírus?

Um estudo em pacientes internados na China mostrou os seguintes sintomas e suas porcentagens de aparecimento nos pacientes: febre (83%), tosse (82%), falta de ar (31%), dor muscular (11%), confusão(9%), dor de cabeça (8%), dor de garganta (5%), rinorréia (4%), dor no peito (2%), diarréia (2%), náusea e vômito (1%).
Veja que os sintomas podem ser muito comuns. Tosse e febre podem acontecer em inúmeras outras doenças, como a gripe comum, a infecção pelo H1N1, dengue, entre outras.

  • Quando suspeitar de infecção pelo coronavírus?

Para se começar a suspeitar de infecção por Coronavírus, a pessoa deve apresentar TODOS os apresentados abaixo:

1- Febre

2 – Sintomas respiratórios (tosse e/ou dificuldade de respirar, entre outros)

3 – Histórico de viagem para locais com surto segundo a OMS nos últimos 14 dias OU contato com alguém com suspeita ou com infecção por coronavírus confirmada.

  • Como fazer o diagnóstico dessa infecção:

Já existe exame laboratorial disponível no Brasil para o diagnóstico. O exame é feito com o colhimento de secreção da rinofaringe (fundo da garganta) com um swab (parecido a um cotonete) e o envio do material para o laboratório.

  • Qual o tratamento para o coronavírus:

Até o momento, não existe tratamento específico. Não existe ainda um remédio que mate esse vírus. O recomendado é que o paciente que não seja grupo de risco e que esteja com sintomas leves fique de repouso em isolamento domiciliar enquanto estiver bem, fazendo boa hidratação e uso de medicações de controle (remédios para dor e febre). Se houver sinais de piora, como falta de ar, o paciente deverá ser internado em hospital.

  • Qual o período de incubação do novo coronavirus?

Médio de 5,2 dias, podendo chegar a 12,5 dias.

  • A transmissibilidade é alta? Quando ela começa?

Esses dados nós infelizmente ainda não possuímos. O Coronavírus da SARS começava a espalhar-se apenas após 7 dias de aparecimento dos primeiros sintomas no hospedeiro, mas no caso do coronavírus atual dados preliminares sugerem que o comportamento pode ser diferente. É possível que a transmissibilidade da doença comece antes do aparecimento dos primeiros sintomas.

  • Quem pegar essa infecção uma vez poderá pegar novamente ou vai ficar com imunidade para sempre igual à catapora?

Infelizmente também ainda não sabemos essa resposta.

Como já mencionei, surtos de diferentes doenças fazem parte da vida em sociedade. Você deve aprender a lidar com isso e estar atento sempre. Tome vacina e vacine seus filhos contra a gripe de demais doenças infecto-contagiosas. Não deixe água parada em casa e combata o mosquito da dengue. Lave bem frutas e verduras. Se for tossir ou espirrar em local público, cubra boca e nariz e depois lave as mãos. Se houver um surto do novo coronavírus na nossa região, não entre em pânico. Enfrentaremos a situação juntos. Conte com a nossa equipe caso precise.

“As informações aqui colocadas são de caráter informativo. Cada paciente possui suas particularidades e deve ser avaliado e tratado de forma individualizada. Se você tem algum problema de saúde, procure um médico especialista.”

Dr. Henrique Gobbo
CRM – 117688 SP